Webconferência debaterá o atendimento de vítimas de violência doméstica na APS

<strong>Webconferência debaterá o atendimento de vítimas de violência doméstica na APS</strong>

O Telessaúde UFPA realizará a webconferência “A vigilância da violência doméstica na APS”, no dia 30 de março. O tema está em destaque neste mês de março, em função do Dia Internacional da Mulher e será debatido pela médica e professora associada da Universidade Federal do Pará (UFPA), Dra. Waltair Pereira, que abordará como deve ser feito o atendimento das vítimas de violência doméstica nas unidades de saúde de Atenção Primária a Saúde (APS). O evento será às 17h, com acesso pelo site telessaude.ufpa.br e é voltado para médicos(as), enfermeiros(as) e profissionais da saúde atuantes na Atenção Primária à Saúde no Estado do Pará.

O Brasil ocupa a 5ª posição no ranking mundial em feminicídio, que é o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher, segundo dados do Mapa da Violência 2015, da Organização das Nações Unidade (ONU). Mas, os especialistas alertam que antes de chegar ao extremo da ocorrência de feminicídio, as mulheres passam por muitos outros tipos de violências domésticas, e em muitos casos elas acabam indo parar nas unidades de saúde, para onde se dirigem em busca de atendimento médico.

O Ministério da Mulher disponibiliza informações sobre as cinco formas em que essas violações podem acontecer – seja a violência física, sexual, psicológica, moral ou patrimonial – e como os cidadãos podem denunciar junto à Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH). No primeiro semestre de 2022, a central de atendimento registrou 31.398 denúncias e 169.676 violações envolvendo a violência doméstica contra as mulheres.

Segundo a conferencista, Dra. Waltair Pereira, a violência contra a mulher tem se perpetuado durante a história da civilização, devido a naturalização da desigualdade entre os gêneros. “O masculino tem o domínio sobre as relações sociais, legitimada pela sociedade que deixa a mulher exposta a vários tipos de violência, em diversos ambientes quer sejam privados ou públicos”, destaca a médica.

Waltair Pereira ressalta que “a violência contra a mulher apresenta um considerável grau de prevalência oculta, fato que a coloca como um dos problemas prioritários a ser combatidos na área da saúde, em ações intersetoriais”. “A partir do ano de 2004, o Ministério da Saúde, definiu a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, e passou a propor diretrizes para a humanização e qualidade nos atendimentos prestados às mulheres nos equipamentos de saúde”, diz a conferencista. “A violência contra a mulher é um problema de saúde pública de proporções epidêmicas no Brasil, embora sua magnitude seja em grande parte invisível. E considerando essa característica, desde 2011, esse agravo a saúde da mulher foi incluído na lista de notificação compulsória, tendo nesse contexto a ficha de notificação e investigação de casos”, complementa.

Durante a sua webconferência, a Dra. Waltair pretende abordar os seguintes pontos: situação epidemiológica no Brasil e no Pará, importância da vigilância da violência contra a mulher, papel das equipes das Unidades de Saúde no contexto da notificação, desenvolvimento de ações interinstitucionais para o conhecimento dos casos ocorridos em cada área adstrita a unidade de saúde, e a importância do transbordamento das ações de promoção da saúde e de prevenção da violência doméstica.

Nesse sentido, a médica assegura que os participantes podem esperar da webconferência a obtenção de conhecimento da situação epidemiológica dessa epidemia, no Brasil e no Pará, atualização sobre o assunto, reflexão sobre as estratégicas a utilizar para conhecimento dos casos em sua área territorial de trabalho, conhecimento de metodologias de acolhimento, e de busca ativa de casos e conhecimento de estratégias de integração interinstitucional para cumprir com a qualificação no atendimento na APS.

A violência doméstica praticada contra a mulher, nas diferentes formas como se apresenta hoje, no Brasil e no mundo, em especial aquela que ocorre no ambiente familiar, é, sobretudo, consequência da evolução histórica de hábitos culturais fundamentados em discursos patriarcais. Assim inferem muitos profissionais de diferentes áreas de atuação, bem como acadêmicos e agentes políticos que atuam no combate à violência doméstica e de gênero.

Sobre a conferencista:

Waltair Maria Martins Pereira possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Pará (1978), especialização em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (1983), especialização em Gestão Hospitalar e de Sistemas de Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (1994), especialização em Epidemiologia e Bioestatística, pela Universidade Federal do Pará (2001), especialização em Auditoria e Mecanismos de Regulação em Saúde, pela Universidade Gama Filho (2011), mestrado em Saúde Pública com área de concentração em Epidemiologia, pela FIOCRUZ/ENSP/UFPA (2001) e doutorado em Biologia Parasitária na Amazônia, pela Universidade do Estado do Pará e Instituto Evandro Chagas (2015/2018), defendendo a pesquisa, Distribuição espacial da hanseníase: uma questão sociopolítica, tendo sido aprovada com louvor. Tem expertise na área de Epidemiologia, Vigilância da Saúde e Análise Espacial em Saúde. Atualmente é professora associada da Universidade Federal do Pará.

– As inscrições podem ser realizadas pelo formulário acessado no botão abaixo: