A cientista e pesquisadora Nísia Trindade Lima tomou posse como ministra da Saúde, nesta segunda-feira (02). A cerimônia aconteceu no auditório do Ministério da Saúde, em Brasília (DF) e reafirmou a valorização da ciência nas ações da pasta. “Nossa gestão será pautada pela ciência e pelo diálogo com a comunidade científica”, disse Nísia, em suas primeiras palavras como ministra da Saúde, sendo bastante aplaudida.
Em seu discurso, Nísia afirmou que, à frente do Ministério da Saúde, quer fortalecer a produção local e o complexo econômico da saúde, dando ao Brasil autonomia na produção de vacinas e fármacos, além de retomar a coordenação nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) por parte do Ministério da Saúde . “A pandemia da Covid-19 mostrou a nossa vulnerabilidade”, disse.
A nova ministra da Saúde também anunciou que fará a revogação, nos próximos dias, de normativas que, segundo Nísia, “ofendem a ciência, os direitos humanos e os direitos sexuais reprodutivos”. A titular do MS também se comprometeu com o combate ao racismo estrutural no SUS; retomada do alinhamento da agenda da saúde mental à reforma psiquiátrica brasileira; criação de uma política de atendimento às pessoas com sintomas pós-Covid; ações para reverter as baixas coberturas vacinais, como os “embaixadores da vacinação” espalhados pelo Brasil para incentivar a imunização e fortalecimento do programa Farmácia Popular.
Nísia Trindade anunciou os nomes que vão compor o segundo escalão do Ministério da Saúde e a criação de uma nova secretaria da pasta, ligada à informação e à saúde digital. Entre os nomes, estão o da liderança indígena Weibe Tapeba e do até então presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o médico sanitarista Nésio Fernandes.
Nísia Trindade é a primeira mulher a assumir o cargo de Ministra da Saúde. Até então, ela era presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), onde é servidora desde 1987. Durante sua gestão como presidente da Fiocruz, Nísia liderou as ações da fundação no enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Brasil, como a fabricação da vacina da AstraZeneca, usada em adultos na campanha de vacinação desde 2021.
Perfil
Doutora em Sociologia, mestre em Ciência Política e graduada em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro;
Presidente da Fiocruz desde 2017;
Foi diretora da Casa de Oswaldo Cruz, unidade da Fiocruz voltada para pesquisa e memória em ciências sociais, história e saúde, entre 1998 e 2005;
Participou da elaboração do Museu da Vida, museu de ciência da Fiocruz;
Atuou na implementação da Rede SciELO Livros;
Foi vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz;
É autora de dezenas de artigos, livros e capítulos com reflexões sobre os dilemas da sociedade nacional, sobretudo as cisões entre os “Brasis urbano e rural, moderno e atrasado”.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil